Com o avanço da tecnologia e a digitalização de serviços, criminosos têm encontrado novas formas de enganar especialmente quem ainda está se adaptando ao mundo digital: os idosos.
Segundo dados do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, somente no primeiro semestre de 2024, foram registradas 24,6 mil denúncias de violação patrimonial e financeira contra pessoas idosas no Disque 100, representando quase um terço do total de denúncias nesse período.
Neste artigo, vamos explicar por que os idosos estão entre os principais alvos de golpistas, como identificar situações suspeitas e, principalmente, apresentar os golpes mais comuns e como evitá-los. Acompanhe até o final para conhecer também orientações importantes caso um familiar idoso já tenha sido vítima de alguma fraude.
Por que os idosos são alvo fácil para golpes?
O envelhecimento traz mudanças em diversos aspectos da vida. E alguns desses aspectos contribuem para a vulnerabilidade dos idosos diante de golpistas:
- Confiança excessiva: muitas pessoas idosas cresceram em um contexto social em que a palavra e a boa intenção eram suficientes. Isso pode torná-las menos desconfiadas e mais abertas a estranhos.
- Isolamento social: com o tempo, é comum que o círculo social diminua. A solidão pode levar idosos a buscarem contato com desconhecidos, o que aumenta o risco de serem manipulados.
- Familiaridade limitada com tecnologia: a dificuldade em usar smartphones, apps de bancos ou redes sociais dificulta a identificação de tentativas de golpe.
- Declínio cognitivo natural: mesmo que não haja uma condição de doença, o processamento de informações pode ficar mais lento, dificultando o raciocínio crítico diante de situações suspeitas.
Essas características combinadas acabam criando um ambiente propício para golpes que apelam para a urgência, para o emocional ou para a autoridade.
Como identificar um golpe: sinais de alerta
A melhor maneira de evitar que um idoso caia em um golpe é ajudar a reconhecer situações de risco. Para isso, é importante observar alguns sinais clássicos:
- Pedidos de informações pessoais ou bancárias por telefone, e-mail ou mensagens;
- Promessas de fácil ganho financeiro, sorteios ou heranças inesperadas;
- Solicitação de transferências ou pagamentos imediatos;
- Ligações de supostos bancos pedindo dados do cartão, senhas ou realização de transferências;
- Links desconhecidos ou mensagens com erros de português e tom urgente.
Comportamentos repentinos também merecem atenção: um idoso que passa a realizar transferências frequentes, que evita comentar assuntos financeiros ou que demonstra medo ao usar o celular pode estar sendo manipulado.
10 golpes mais comuns aplicados em idosos
A seguir, listamos os golpes mais frequentes que têm afetado pessoas idosas. Explicamos como funcionam e o que fazer para evitá-los.
1. Golpe do saque no caixa eletrônico
Em muitas situações, idosos enfrentam dificuldades ao usar caixas eletrônicos. É aí que golpistas se aproximam, oferecendo ajuda de forma simpática e fingindo ensinar como sacar dinheiro ou pagar contas, mas, na verdade, observam a senha digitada e, num momento de distração, trocam o cartão por outro parecido.
A vítima só percebe o que aconteceu dias depois, ao notar movimentações estranhas na conta. Para evitar esse golpe extremamente comum, oriente seu ente querido a usar os caixas dentro das agências e, sempre que possível, o acompanhe. Também reforce que é mais seguro pedir ajuda apenas a funcionários identificados.
2. Golpe da maquininha e falso presente
Nesse golpe, um suposto entregador chega com uma história envolvente: um familiar ou amigo enviou um presente, mas, para recebê-lo, é necessário pagar uma pequena taxa no cartão.
O valor, no entanto, é muito maior do que o informado. Isso porque o visor da maquininha pode estar coberto, quebrado ou adulterado. Há ainda casos em que a compra é cobrada duas vezes.
A atenção aqui é a chave, por isso, além de informar sobre esse golpe, oriente a desconfiar de brindes inesperados, principalmente se houver pedido de pagamento. Para isso, vale confirmar sempre a procedência diretamente com quem supostamente enviou, afinal, presente que é presente não tem cobrança de taxa.
3. Golpe do falso boleto
Com base em informações encontradas na internet, criminosos emitem boletos falsos com aparência idêntica aos verdadeiros — de igrejas, planos de saúde, viagens, consórcios ou operadoras de telefone.
Esses boletos são enviados por e-mail ou WhatsApp. Sem perceber o golpe, a vítima realiza o pagamento, acreditando que está quitando uma conta legítima.
Sempre que um boleto parecer estranho, confira o nome do beneficiário e, em caso de dúvida, peça ajuda a um familiar ou entre em contato com o banco.
4. Golpe do motoboy
Nesse golpe, a vítima recebe uma ligação dizendo que seu cartão foi clonado e precisa ser cancelado com urgência. O suposto atendente orienta a cortar o cartão e entregar a um motoboy que virá buscá-lo.
Acontece que o chip ainda funciona, e os criminosos o usam para fazer saques e compras. O ponto-chave aqui é que bancos não mandam ninguém buscar cartões. Por isso, seja você ou seu ente querido, se receber uma ligação suspeita, desligue e entre em contato com o banco pelos canais oficiais. Cancelou um cartão? Corte o chip ao meio também.
5. Golpe do sequestro de parente
O telefone toca e, do outro lado da linha, a vítima ouve gritos e choro, como se alguém da família estivesse em perigo. Em seguida, uma pessoa assume a ligação e exige dinheiro pelo “resgate”.
Esse golpe emocional pode causar pânico e levar o idoso a fazer transferências rapidamente. Além de conversar com seus pais e avós sobre esse tipo de golpe, ensine a não dizer nomes ao telefone e a desligar imediatamente.
Inclusive, vale ligar para o familiar supostamente sequestrador e verificar se está tudo bem.
6. Golpe do empréstimo consignado
O golpista se passa por funcionário de banco e oferece empréstimos com juros baixos. Com os dados fornecidos, contrata um crédito em nome da vítima, que só percebe quando começa a ter descontos no benefício do INSS.
Para evitar golpes como esse, oriente os idosos a nunca passarem dados pessoais por telefone. Você também pode ajudar monitorando extratos e conferindo se há movimentações desconhecidas.
7. Golpe da falsa central
Com aparência de uma ligação comum do banco, o golpista diz que houve uma compra suspeita no cartão e que é necessário confirmar os dados. Em alguns casos, pede até para instalar um aplicativo ou fazer transferências para contas “seguras”.
Na verdade, o objetivo é ter acesso à conta da vítima. Ajude os idosos a identificarem esse tipo de golpe e avise que nenhuma empresa ou banco pede senha ou instalação de aplicativo por telefone.
8. Golpe da aposentadoria
O criminoso entra em contato afirmando que a vítima tem dinheiro a receber do INSS, mas, para liberar o valor, é preciso pagar taxas. Após o pagamento, o golpista desaparece.
O que os familiares podem fazer: instruir os idosos a nunca fazerem pagamentos antecipados para liberar supostos valores. Sempre verificar a origem da informação com um advogado de confiança ou nos canais oficiais do INSS.
9. Golpe do Pix errado
A vítima recebe um Pix pequeno, seguido de uma mensagem ou ligação pedindo devolução, mas para outra conta. Depois, o criminoso ainda solicita estorno ao banco, ficando com o valor duas vezes: da vítima e do estorno.
Oriente os idosos a usarem sempre o botão de devolução no aplicativo do banco, nunca transferindo manualmente para outras contas. E, na dúvida, antes de fazer qualquer suposta devolução de Pix incorreto, vale entrar em contato com o banco nos canais oficiais.
10. Golpe da cesta básica
O criminoso finge estar realizando uma doação e oferece uma cesta básica gratuita. Para receber, o idoso precisa enviar uma foto com documento. A partir daí, os dados são usados para fraudes em bancos e financeiras.
Doações verdadeiras não exigem fotos de documentos. Se um idoso da família receber esse tipo de proposta, o ideal é checar a procedência com alguém mais jovem e familiarizado com esse tipo de golpe.
Dicas práticas para proteger os idosos da sua família
Proteção começa com diálogo e presença, como acompanhar a rotina digital e financeira de quem você ama para prevenir situações perigosas. Não é sobre controlar, mas sobre estar junto para orientar e proteger. Algumas atitudes simples fazem toda a diferença:
- Fale com frequência sobre golpes e mostre exemplos reais;
- Ative alertas de movimentações bancárias no celular;
- Ajude a revisar faturas, extratos e contratos;
- Oriente a não informar senhas ou códigos por telefone;
- Ensine a identificar mensagens falsas e sites confiáveis;
- Crie um ambiente de confiança para que o idoso sinta segurança em pedir ajuda.
O que fazer se um idoso cair em um golpe?
Mesmo com todos os cuidados, golpes podem acontecer. E a melhor forma de ajudar nesse momento é com acolhimento, calma e ação rápida. Veja os passos a seguir:
- Interrompa o contato com o golpista imediatamente;
- Bloqueie cartões e contas para evitar mais prejuízos;
- Registre um boletim de ocorrência, presencialmente ou on-line;
- Comunique o banco para tentar reverter transações;
- Procure orientação em órgãos de defesa do consumidor como Procon ou Defensoria Pública;
- Apoie emocionalmente o idoso, reforçando que ele não tem culpa e que vocês irão resolver juntos.
A violência financeira contra idosos é mais comum do que parece e, muitas vezes, invisível. Mas pode ser evitada com informação, escuta ativa e apoio da família.
Afinal, proteger quem você ama passa também por conversar, acompanhar e estar presente no dia a dia dessas pessoas. Quanto mais informados e fortalecidos, menos vulneráveis estarão.
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